segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pró Realengo: 1º aniversário do blog Pró Realengo

Pró Realengo: 1º aniversário do blog Pró Realengo: "É com muita alegria e satisfação, que no ultimo dia 23 completamos um ano de informação e principalmente de democracia, pois como todos sab..."

Ame o próximo como a si mesmo

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"Por que você é agressivo com sua mãe, irmã, esposa ou namorada? Por que você não suporta os negros e negras? Por que você odeia os homossexuais?"
Circula na internet um diálogo entre o teólogo Leonardo Boff e o monge tibetano Dalai Lama. Leonardo Boff diz que, num intervalo de uma mesa-redonda sobre religião, de que ambos participavam, perguntou: “Santidade, qual é a melhor religião?”

Boff diz que esperava uma resposta que dissesse: “É o budismo tibetano” ou “são as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo.”

No entanto, não foi essa a resposta. Inteligente e sábio que é, o Dalai Lama respondeu: “A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do infinito. É aquela que te faz melhor.”

Boff relata ter ficado perplexo com a resposta e por isso fez outra pergunta: “O que me faz melhor?” Respondeu o Dalai: “Aquilo que te faz mais compassivo”.

Ao que Leonardo Boff conclui: o que te faz melhor é “aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético [...] A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião”.

Dias atrás, caminhava por um bairro de Curitiba, com um amigo católico e muito religioso. Perguntei a ele qual dos dez mandamentos era o mais importante. Sem titubear, respondeu-me que todos estão no mesmo patamar de importância, mas o mais importante está em Mateus, capítulo 19, versículos 16 a 19, mais especificamente no versículo 19. Assim como Boff, fiquei perplexo, pois ele citava, não só onde encontrar, mas inclusive do que se trata.

E imediatamente emendou: “Esses versículos relatam o diálogo de Jesus com um jovem. O jovem pergunta a Jesus o que deve fazer para possuir a vida eterna. E, resumidamente, posso te dizer que Jesus responde: 'Ame seu próximo como a si mesmo'”.

“Ame seu próximo como a si mesmo” (Mateus 19,19). Alguns cristãos afirmam ser este o ponto alto da ética cristã. Ou seja, como afirma Leonardo Boff, “o que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade”. O que importa é o amor.

Esses dois diálogos, o de Leonardo Boff com o Dalai Lama, e o do jovem com Jesus demonstram que a melhor religião é o amor ao próximo. Por estar de acordo com essas afirmações e por ser cristão, é que interrogo: o machista, de todos as matizes (violento fisicamente ou não), ama o próximo? Ou ele entende que a mulher, por questão de gênero, não é “o” próximo? O racista ama o próximo? O “normal” ama o “louco”? O fisicamente normal ama o deficiente?

Nos últimos tempos, principalmente após as eleições de 2010, alguns religiosos, padres, pastores e muitos leigos têm feito pregações de desamor e até de ódio. Ainda recentemente, um grupo ruidoso de pastores, com eco na mídia, fez uma passeata em Brasília contra os homossexuais e contra uma proposta de educação, que foi tratada na mídia como “kit anti-homofobia”, que permitiria trabalhar nas escolas esse tema e consequentemente combater a homofobia.

É bem provável que parte dos manifestantes sequer viram o material didático. Se deixaram levar pelas “sábias” vozes de seus pastores.

Todos os dias testemunhamos manifestações homofóbicas no Brasil, umas mais violentas, algumas chegam ao assassinato de pessoas (sim, reforço: são seres humanos sendo assassinados), outras psicológicas e morais. Para ficar só num caso de assassinato, o de Adriele Camacho de Almeida, no município de Itarumã (GO), ocorrido no último mês de abril.

Adriele tinha 17 anos e teve um caso de amor com a filha do fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, de 36 anos. Segundo o delegado que investiga o assassinato, as meninas (a vítima e a filha do fazendeiro) tiveram um relacionamento homossexual que durou cerca de um ano.

Adriele foi assassinada e os principais suspeitos pelo assassinato são o fazendeiro e um de seus filhos. Diz o delegado que “se trata de um crime homofóbico”. Não vi nenhum dos líderes que “defendem a família” condenando esse e outros assassinatos.

Às vezes, as manifestações ganham caráter de massa, como ocorreu recentemente em Contagem (MG). No jogo entre as equipes do Vôlei Futuro e do Cruzeiro, pelas semifinais da Superliga masculina, a torcida do time de Minas agiu de maneira homofóbica em relação ao jogador Michael.

Segundo o próprio jogador, “eram cerca de 2 mil pessoas, o ginásio estava superlotado e todos me chamando de 'bicha', 'gay' e outras ofensas. Me senti ofendido e constrangido pelo ocorrido; não eram só alguns torcedores de torcida de futebol, eram crianças, mulheres, o ginásio inteiro gritando e me ofendendo. O jogo foi transmitido pela TV e não só quem estava no ginásio pode ouvir, mas todos que assistiram ao jogo pela TV no Brasil inteiro[...]. Acho que este tipo de acontecimento não deve passar em branco, realmente me fez muito mal, acho que deve ser divulgado e discutido para que isso não ocorra com mais ninguém.”

O que os (cristãos) homofóbicos acham disso? Por que se colocar contra um trabalho educativo nas escolas que debata esse tema e busque a superação da homofobia?

Repito as perguntas acima e quero que você, caso se encaixe nessa situação, as responda. Não para mim. Até que se fosse para mim já imagino a qualidade e a agressividade de algumas respostas. Responda-as para você: por que você é agressivo com sua mãe, irmã, esposa ou namorada? Por que você não suporta os negros e negras? Por que você odeia os homossexuais? Por que você não tem tolerância como prega a fé cristã? A resposta é simples: é por que você não ama o próximo como a ti mesmo.

Há os que juram que a melhor religião estaria no cristianismo. Como cristão, penso como Boff: o que importa não é a religião, mas sim “a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo”. Portanto, perante a vida.

Tanto a inteligente pergunta como a não menos inteligente resposta foram dadas por homens sábios. Esses sábios não andam pelas ruas fazendo pregações preconceituosas, de desamor e até de ódio. Tampouco definindo o que salva ou não salva uma família.

domingo, 26 de junho de 2011

Todas Pessoas Precisam da Inovação Para Podermos Aceita e Aprender a Viver.


PIPOCA

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens.

O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.

O milho somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.

Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente.

As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.

Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.

São pessoas de uma mesmice, uma dureza assombrosas. Só elas não percebem.

Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos - Dor.

Pode ser o fogo de fora: perder um amor, um filho, um amigo ou o emprego.

Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, doenças e sofrimentos cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio, uma maneira de apagar o fogo.

Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pipoca dentro da panela, ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer.

Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não consegue imaginar destino diferente.

Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.

Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM!

E ela aparece completamente diferente, como nunca havia sonhado.

Piruá é o milho que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.

Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste.

Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém.

Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.

Seu destino é o lixo.

E você, o que é?

Uma pipoca estourada ou um piruá?

Autor(a) Texto: Rubem Braga - Escritor